Durante os últimos 50 anos, foram acumuladas inúmeras evidências de diferentes áreas de pesquisa para explicar a origem e evolução das culturas, bem como seu processo de domesticação. A cevada está entre as espécies mais estudadas sob aspectos históricos, a partir dos quais fica evidente sua importância para as diferentes civilizações em que foi cultivada na forma domesticada. Evidências arqueológicas indicam que os primeiros sinais de cultivo (agricultura propriamente dita) datam do período neolítico, aproximadamente 7000 a.C., e correspondem à cultura do trigo (trigo einkorn [cultivado]: T. monococcum – e trigo emmer [cultivado]: T. turgidum), da cevada duas fileiras, da ervilha e da lentilha (ZOHARY, 1973). Bar Josef e Kislev, em 1986, encontraram restos de H. vulgare e H. spontaneum datados de 8260 e 7800 a.C. Esses indicativos se referem à região do Oriente Médio, especificamente próximos ao Delta do Nilo, entre os rios Tigres e Eufrates, onde hoje se localizam Israel, Jordânia e Síria. Embora o local de origem seja quase uma unanimidade entre os pesquisadores, os ancestrais envolvidos no processo de domesticação da cevada são motivo de teorias divergentes.
Cevada, Hordeum vulgare, sp. vulgare, atualmente é o quarto cereal em ordem de importância, sendo plantado em aproximadamente 55 milhões de hectares com produção da ordem de 150 milhões de toneladas, representando 10% do total de grãos produzidos mundialmente.
Cerca de 75% da produção é destinada a alimentação animal e humana, sendo o restante transformado em malte (17%) e conservado como semente (8%). Aproximadamente 95% do malte produzido é utilizado pela indústria cervejeira.
No Brasil, a cevada vem sendo cultivada apenas para uso cervejeiro desde 1930. Atualmente, a demanda para esta finalidade é de quase 600.000 toneladas, representada pela capacidade de transformação da indústria de malte cervejeiro. Apenas um terço desta demanda está sendo produzido no país, sendo o restante importado, existindo, portanto, potencial enorme para crescimento da produção interna. Além de atender a indústria cervejeira, a produção nacional tem grande potencialidade de ser cultivada para outras finalidades como cobertura de solo, pastoreio, feno, silagem e grão forrageiro para ração animal. Além disso, o consumo para alimentação humana está despertando interesse uma vez que a cevada recebeu aprovação como alimento funcional, a exemplo da aveia.
Com rentabilidade similar ao trigo, a cevada representa importante alternativa para rotação de culturas nos sistemas produtores de grãos do país, principalmente na Região Sul. Recentemente, vem se transformando em importante alternativa também nos sistemas de produção irrigados do Sudeste e Centro-Oeste do país.
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