O PET Agronomia é um dos 842 grupos do Programa de Educação Tutorial (PET) do Governo Federal. O grupo é formado por estudantes de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de São João del-Rei - Campus Sete Lagoas e tutorado por um docente do Curso.

Universidade Federal de São João del-Rei
Rua Sétimo Moreira Martins, 188 - Bairro Itapoã
Sete Lagoas (MG)

Origem do gado Nelore no Brasil

14-02-2022 17:35

      O gado nelore é a raça mais difundida e lucrativa no Brasil, graças a sua rusticidade e adaptabilidade na maioria das regiões brasileiras. Por suas características físicas, se adaptou muito bem a diversidade de climas locais, por possuir excelente capacidade de aproveitar alimentos grosseiros.

       Os zebuínos, que conhecemos hoje como Nelore, são animais descendentes de uma raça radicada na Índia, a Ongole. Esses animais foram levados para o continente indiano pelos arianos ainda antes de Cristo. 

       Por conta dos aspectos culturais indianos, o gado Ongole não era utilizado para a produção de carne. Naquele país, suas principais funções eram a produção leiteira e o transporte de cargas pesadas. 

       No Brasil, o Ongole passou a ser conhecido como Nelore, já que faz referência a localidade de onde esses animais foram importados. Os primeiros representantes desses zebuínos que foram enviados para o Brasil saíram de Nelore, distrito da antiga província de Madras, Estado de Andra, na costa oriental da Índia. 

       A história dessa raça no Brasil começa ainda no século XIX. A história conta que, em 1868, um navio com destino a Inglaterra aportou em Salvador com um casal desses animais a bordo. Os zebuínos acabaram sendo comercializados com produtores locais e permaneceram no país. 

        Dez anos depois, o criador Manoel Ubelhart Lemgruber decidiu importar mais um casal de Nelore, após conhecer esta espécie em um zoológico de Hamburgo, na Alemanha. No início do século XX alguns exemplares foram importados diretamente da Índia.

        Em 1962, desembarcam no Brasil animais trazidos pelos zebuzeiros brasileiros, que protagonizaram uma verdadeira epopeia para incrementar o rebanho do país

         A bordo do navio Cora, touros que formariam a linhagem brasileira da raça, chegam à Fernando de Noronha: Karvadi, Taj Mahal e Godhavari.

        O touro Kavardi foi considerado o pai da linhagem Nelore no Brasil. Reprodutor da raça Ongole na Índia, já tinha sido largamente premiado como tetracampeão nacional indiano e campeão da Ásia. 

       Adquirido pelo criador e selecionador Torres Homem Rodrigues da Cunha, da fazenda VR (situada em Uberaba-MG), foi considerado o melhor touro da história da raça Nelore, transmitindo beleza racial aos seus filhos, sendo na época apto aos mais diversos cruzamentos. Kavardi deixou milhares de descendentes.

     A expansão do Nelore no Brasil ocorreu nos anos 60, quando ocorreram as últimas importações significativas desses animais. 

      Nessa época, o Brasil havia proibido a importação de animais vindos da Índia. Portanto, a chegada desses novos exemplares precisou de uma autorização especial do governo. Assim, os zebuínos tiveram que passar por um período de quarentena de oito meses em Fernando de Noronha. 

      Entre os animais que chegaram nesse período, estão algumas das Genearcas mais importantes para o Nelore:  Kavardi, Golias, Rastã, Checurupadu, Godhavari, Padu e Akasamu. Elas foram as responsáveis pela formação do plantel atual de zebuínos Nelore brasileiro. 

       Depois disso e aproveitando a expansão agrícola para a região Centro-Oeste, o gado Nelore se espalhou por todo o país.


Padrão Nelore:

  • Pelagem curta nas cores branca ou cinza-clara. 

  • Pele na cor preta ou mais escura, sendo solta, flexível, macia ao toque e oleosa.

  •  A cabeça apresenta o formato tradicional de ataúde. Seu perfil tem um formato sub-convexo, principalmente nos machos. Os olhos são de cor preta e bastante vivos. As orelhas são simétricas, curtas e terminam no formato de uma ponta de lança. 

  • Os animais podem ter chifres ou não. Eles têm a coloração escura e estão firmemente presos ao crânio. Os chifres nascem para cima e depois podem se curvar ou apontar para cima, para fora e para trás. Nos espécimes mochos é permitida apenas a presença de calo ou de batoque. 

  • O pescoço nos machos é musculoso e se encaixa harmoniosamente ao tronco, já nas fêmeas é mais delicado. 

  • A barbela começa logo abaixo do maxilar inferior e vai até o umbigo do animal, sendo que nos machos ela é maior e mais pregueada. Ambos os sexos apresentam um peito largo e boa cobertura de músculos.

  •  O cupim é uma das características marcante dos zebuínos. Eles servem como uma reserva de energia para situações críticas. Nos machos eles apresentam um bom tamanho e devem estar apoiados sobre a cernelha. Já nas fêmeas eles devem ser observados em um tamanho reduzido. 

  • Os machos apresentam um tamanho médio de 1,70 m e ultrapassam os 1.000 kg de peso. Apresentam musculatura compacta e bem desenvolvida, com barbela solta pregueada, umbigo curto, bainha e prepúcio leves. 

  • As fêmeas têm altura de 1,55m em média e podem chegar aos 800 kg de peso.


https://www.comprerural.com/nelore-pai-da-pecuaria-brasileira/